quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Novos e velhos desafios

Pe. Geraldo Martins

O ano de 2015 começa com novidades e expectativas, apesar do cenário pessimista desenhado pela mídia a partir das turbulências políticas e econômicas por que passa o país. Os novos governantes empossados no primeiro dia do ano têm a gigantesca tarefa de levantar o astral dos brasileiros desanimados e incrédulos que carregam o pessimismo e o derrotismo como eternos companheiros. Tarefa nada fácil considerando a abjeta prática política do “toma lá, dá cá”, que vigora no Brasil como condição sine que non para governar.

Em seu segundo mandato, a presidente enfrentará desafios maiores que no primeiro. A primeira dificuldade está no nível político. Com a necessidade de ampliar sua base no Congresso Nacional, ela tem feito indicações para o primeiro escalão do governo até então inimagináveis. Explicam-se, assim, as críticas não só da oposição, mas também de seu próprio partido e de movimentos sociais que se engajaram em sua reeleição.

A situação econômica também não é tão favorável, segundo alguns especialistas. As medidas anunciadas na segunda-feira (29), mudando as regras para a concessão de seguro-desemprego, pensão por morte e abono salarial, são uma prova disso. Elas acenderam o sinal amarelo das centrais sindicais. Para muitos, inclusive, esta atitude da presidente soa como uma contradição ao que afirmou durante a campanha. Vem batalha dura por aí.

A corrupção, ainda mais escancarada com a Operação Lava Jato, é uma chaga que beira à institucionalização. Por mais que se tenha avançado no que diz respeito á investigação desse mal que corrói o país, o sentimento é de incredulidade quanto à sua erradicação e consequente punição dos envolvidos, não obstante as prisões de alguns colarinhos brancos.

A manutenção e a ampliação dos programas sociais, responsáveis pela saída de milhões de famílias da situação de pobreza nos últimos doze anos, exigirão atenção redobrada do governo. É real a ameaça que paira sobre esses programas por causa do fraco desempenho do PIB, da inflação que bate à porta, da possibilidade de volta do desemprego e de outras questões que compõem nossa conjuntura político-econômica.

Outros desafios poderiam ser lembrados aqui e, ainda assim, não esgotaríamos a lista. Seria desumano pretender que um governo resolvesse todos. Aliás, a solução de muitos deles passa também pelo compromisso da sociedade. Daí a importância de nosso engajamento na luta contra tudo que impede a construção do Brasil que queremos. Esgotar o exercício de nossa cidadania no ato de votar é um equívoco com consequências irreparáveis. Pagamos um alto preço por causa disso. Basta olhar o resultado das últimas eleições para o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas.  

Nenhum governo, para avançar nas metas que assegurem desenvolvimento com justiça social, pode dispensar a parceria com as forças vivas da sociedade. São muitas as organizações e instituições que podem somar esforços na construção de uma nação livre, soberana, verdadeiramente democrática. Para tanto, os governos precisam abrir-se efetivamente ao diálogo, superando os interesses ideológicos e particulares de grupos que marcham na contramão do respeito aos direitos humanos e do bem comum.

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