quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Dia de Finados – vida que nasce da morte


Pe. Geraldo Martins

No próximo domingo, a Igreja celebra o Dia de Finados. Nesse dia, somos convidados a rezar pelos mortos e a meditar sobre o sentido da morte que esconde a vida. Trata-se de um mistério que professamos a partir de nossa fé cristã e que nos revela, por um lado, nossa condição humana e, por outro, o profundo amor misericordioso de Deus.

A prática de rezar pelos mortos começou no primeiro século da era cristã quando os cristãos iam ao túmulo dos mártires para fazer orações pelos cristãos que morriam sem o martírioNo mosteiro de Cluny, na França, a comemoração dos fiéis falecidos começou a ser celebrada em 2 de novembro. A partir do século XIII esta data ficou oficializada porque, no dia anterior, já era celebrado o dia de todos os santos.

Qual o sentido de rezar pelos mortos? É, antes de tudo, confiá-los à misericórdia de Deus para que os purifique totalmente com vistas à sua participação na glória divina. O papa Bento XV (1914-1922) diz que “nos ritos fúnebres para seus filhos, a Igreja celebra com fé o mistério pascal, na firme esperança de que os que se tornaram, pelo batismo, membros de Cristo morto e ressuscitado, passem com ele através da morte à vida”. Para isso, continua o papa, “é necessário que sua alma seja purificada, antes de ser recebida no céu com os santos e os eleitos, enquanto o corpo espera a bem-aventurada esperança da vida de Cristo e a ressurreição dos mortos”.

É interessante observar que todas as leituras que usamos na celebração dos mortos falam de vida. Podemos dizer, então, com toda certeza que morrer é viver. Esta afirmação nos vem do próprio Cristo quando disse a Marta: “Eu sou a ressurreição. Quem acredita em mim, ainda que morra, viverá. E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá para sempre” (Jo 11,25-26).

A morte é uma das poucas certezas que temos na vida. Segundo o teólogo padre José Antônio Pagola, “vamos morrendo segundo a segundo e minuto a minuto, gastando de modo irreversível a energia vital que possuímos. Somos mortais não porque, no término de nossa vida, há um final, mas porque constantemente nossa vida vai se esvaziando, se desgastando e vai morrendo”.

O sentimento que deve nos invadir no Dia de Finados não é a tristeza, a revolta ou o desespero. Devemos nos deixar tomar pela esperança que nasce de nossa fé. Afinal, a ressurreição de Cristo é garantia de nossa vida. Esta só se manifesta plenamente após nossa morte. “Finados não aponta para o passado de sofrimento nem para a terra à qual voltamos. Aponta para a ressurreição de Jesus e, nele, para a nossa” (Pe. Almeida). Se cremos nisso, somos felizes.

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