Pe. Geraldo Martins
Três temas importantes marcam a 52ª Assembleia da CNBB, que
começou na quarta-feira, 30 de abril, e prossegue até o dia 9 de maio, em
Aparecida-SP. Dois deles já foram debatidos na Assembleia do ano passado: Paróquia: comunidade de comunidades e Igreja e questão agrária no inicio do século
XXI. Ambos também são de conhecimento público uma vez que foram publicados
na coleção Estudos CNBB, mais
conhecida como Coleção Verde, ou
seja, textos que ainda não se tornaram documentos oficiais da CNBB, que são sempre
publicados na cor azul (Coleção Azul).
O terceiro tema – Cristãos
leigos e leigas na Igreja e na Sociedade - é novo e se insere no contexto
das comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II. Tudo indica que deverá seguir
o mesmo caminho dos dois anteriores, sendo publicado na Coleção Verde para ser estudado e debatido nas comunidades,
recebendo contribuições para uma nova redação e posterior aprovação dos bispos
como documento da CNBB.
Com grande repercussão em nossas comunidades, o texto que discute
a renovação das paróquias (Estudos CNBB
104) voltou bastante modificado. Segundo a Comissão de redação, as inúmeras
contribuições enviadas pelos mais diversos segmentos eclesiais levaram à elaboração
de um texto praticamente novo. Vejo com alegria e esperança a expectativa que o
envolve. Sinto que nossas comunidades estão muito conectadas a esta Assembleia
da CNBB, aguardando, ansiosas, o resultado final do documento que deverá nortear
sua ação evangelizadora diante do gigantesco desafio de renovar as paróquias.
Caminho semelhante fez o texto sobre a questão agrária no país.
Tema mais complexo e mais exigente, a questão da terra no Brasil já foi
estudada pelos bispos há mais de 30 anos. O documento Igreja e problemas da terra, aprovado pela CNBB em sua XVIII
Assembleia, em 1980, teve enorme repercussão no país. O contexto hoje é muito
diferente e o novo documento, que deverá ser aprovado pelos bispos na semana
que vem, teve a preocupação de ser, ao mesmo tempo, pastoral e profético. Será
um excelente instrumento de referência para nossas comunidades, especialmente,
as que convivem diariamente com a conflitante realidade da questão agrária,
hoje, tão fortemente marcada pelo agronegócio.
O tema sobre os cristãos leigos e leigas também desperta
muito interesse de nossas comunidades e está diretamente ligado aos dois
anteriores. Dificilmente as paróquias se renovarão sem a participação efetiva
dos leigos e leigas - a imensa maioria do povo de Deus a serviço de quem está uma
minoria: os ministros ordenados, como nos recorda o papa Francisco (cf. EG
102). Da mesma forma, só assumindo de forma efetiva a dimensão político-social
de sua fé, os cristãos leigos e leigas contribuirão para a superação dos
conflitos sociais em nosso país, como a questão da terra, manchada pelo sangue
de tantos que tombaram em defesa dos direitos dos mais pobres.
Há ainda outro texto que deverá ser aprovado pelos bispos.
Denominado Projeto Brasil: desafios dos
cristãos em face das eleições de 2014, o documento visa ajudar as
comunidades a se preparem bem para as próximas eleições no Brasil. Mais denso
que uma nota ou uma mensagem, o texto dá as grandes linhas que deverão orientar
os debates para as próximas eleições. Insiste, ao mesmo tempo, na importância
dos cristãos não se omitirem no dever cidadão de votar com consciência.
Estes quatro assuntos têm duas inspirações comuns: o
Concílio Vaticano II e o papa Francisco, especialmente através de sua exortação
apostólica Evangelii Gaudium. Os novos
documentos que se avizinham, ao que tudo indica, reafirmarão o caminho que
sempre caracterizou os pronunciamentos da CNBB ao longo da história:
marcadamente pastorais, fortemente proféticos, estreitamente em comunhão com a
Igreja universal, inspiradamente evangélicos, esperançosamente comprometidos
com a construção do Reino de Deus.
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