terça-feira, 3 de julho de 2012

O compromisso político de cada um



Pe. Geraldo Martins


A partir da próxima sexta-feira (6/7), as eleições municipais entram de vez na pauta diária dos cidadãos brasileiros. Começa, nesse dia, a campanha eleitoral que permitirá ao eleitor conhecer os candidatos a prefeito e vereador de seu município. Eles chegarão até nós pela internet, pela TV, pelo rádio, pelos jornais, panfletos. Mas também apertarão nossas mãos e nos abraçarão em casa, nas praças, nas ruas, nas festas... 

Diferentemente das outras eleições, as municipais acabam despertando mais o interesse das pessoas por causa de sua proximidade com a vida do cidadão.  Na maioria dos municípios, diminutos em tamanho e população, os candidatos são “palpáveis”, convivendo cotidianamente com seus munícipes. Isso facilita o debate sobre as prioridades da comunidade sem muita mediação e possibilita ao eleitor expor de viva voz seus anseios e expectativas ao candidato. 

O desencanto com a política que toma conta de grande parte da população, no entanto, continua um desafio a ser vencido. Ele tem sua raiz, entre outras coisas, na prática inescrupulosa de muitos que exercem o poder político. São, no dizer de Rubem Alves, os políticos por profissão e não por vocação e o “nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão”. Distinguir um do outro é a nossa tarefa. Daí a necessidade de cada um rever o que pensa sobre política.

Quando se pergunta a uma pessoa ou a um grupo de pessoas o que pensam da política, as respostas mais repetidas são: “odeio política”, “sou apolítico”, “não gosto de política”, “político é só sujeira” e assim por diante. Não é fácil convencê-los do contrário. Basta tentar para, imediatamente, ouvir a declinação de uma lista interminável de fatos que só corroboram sua visão pessimista da política. Tornam-se “apolíticos” por opção ou por falta de opção.

Será o desencanto ou a omissão o melhor remédio para mudar essa situação? É preciso pensar. Bertolt Brecht dizia que “o pior analfabeto, é o analfabeto político. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. 

O pastor Martin Luther King também condena omissão dos bons. Diz ele: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.

Esta posição pode mudar se se recupera o verdadeiro sentido de política que, na sua origem, significa a busca do bem comum, a construção da justiça, o serviço ao outro. É a mais nobre de todas as vocações, no dizer de Rubem Alves. Ela é deturpada quando assumida por quem não a tem como vocação. O político, segundo o mesmo Rubem Alves, é como um jardineiro, que se compraz e se realiza ao cuidar do jardim de todos para todos. “O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos”.

Temos hoje, felizmente, muitos mecanismos que nos ajudam a perceber quem é político por vocação e quem o é por profissão. O mais recente é a Lei Ficha Limpa que impede a candidatura de pessoas em dívida com a justiça. Antes dela, já tínhamos a Lei 9.840, que combate a compra de votos e o uso da máquina administrativa durante a campanha eleitoral. A eficácia destes e de outros instrumentos, no entanto, depende em grande parte da população, que deve expressar seu repúdio e indignação a quaisquer candidaturas que contrariem a ética e a transparência na vida política.

O voto livre e consciente é uma das expressões mais fortes da democracia e da cidadania de uma nação, mas ele não esgota tudo. É apenas o começo de um processo do qual cada eleitor deve participar ativamente. Sem essa participação, que transcende a militância político-partidária, dificilmente passaremos da democracia representativa que temos hoje para uma democracia realmente participativa. Eis o compromisso politico de cada um.

3 comentários:

Ricardo Cesar da Silva disse...

Padre Geraldo, estamos com saudades!

Abraços de Ricardo,Lidiane e Ana Lídia

ricardobcena@yahoo.com.br

ricardobcena.blogspot.com

Ricardo Cesar da Silva disse...

Padre Geraldo, estamos com saudades!

Abraços de Ricardo,Lidiane e Ana Lídia

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Ricardo Cesar da Silva disse...

Padre Geraldo, estamos com saudades!

Abraços de Ricardo,Lidiane e Ana Lídia

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