sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Dois encontros, um só tema

Pe. Geraldo Martins

O Rio de Janeiro sediou, no mês de julho, dois grandes eventos sobre comunicação promovidos pela CNBB. O primeiro foi um seminário para bispos brasileiros, com apoio do Pontifício Conselho para as Comunicações. Mais de 60 bispos passaram cinco dias discutindo a relação das novas tecnologias de comunicação com a evangelização. Um fato extraordinário! O segundo foi o 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom), organizado pela Arquidiocese e pela PUC do Rio, com a participação de cerca de 800 pessoas, sem contar os que estavam a serviço do evento como os mais de cem alunos de comunicação da PUC.

Ambos os encontros destacaram que classificar de ‘novas’ estas tecnologias de comunicação, não é o mais correto uma vez que nelas já nasceu toda uma geração. São novas para os que viemos de outra geração, esforçando-nos para entrar neste espaço da virtualidade. Somos, então, migrantes e precisamos nos inculturar neste novo mundo cuja linguagem e modo de se relacionar exigem um verdadeiro aprendizado.

Que não podemos prescindir destas mídias é uma realidade. O que não se deve, contudo, é confundir os meios, as tecnologias com a própria comunicação. Esta transcende aquelas. Neste sentido, é mister reconhecer o espaço virtual, especialmente as redes sociais, como lugar de relações ou, como bem definiu o diretor da revista La Civiltà Cattolica, padre Antonio Spadaro, “espaço existencial”. Para ele, a internet é um “ambiente de vida”. Isso deve fazer toda a diferença para quem usa internet.

O mundo digital modificou profundamente a nossa comunicação. O acesso facilitado à internet fez com que todos se tornassem também produtores de informação e não meros consumidores. Somos todos interlocutores. Além disso, a rapidez e o alcance das informações são inimagináveis, sem falar de seu volume. Faz sentido, portanto, a preocupação de cada um e das instituições, em particular, com sua imagem que aparece na mídia. A Igreja não foge à regra e os dois encontros no Rio evidenciaram esta preocupação. Alguns são levados a sugerir que a Igreja faça um trabalho próximo ao do marketing, da publicidade ou de relações públicas a fim de que tenha uma imagem mais positiva na grande mídia.

Para o colombiano Javier Darío Restreppo, a Igreja não precisa lançar mão desses elementos para enfrentar problemas com a opinião pública. Ele aponta o testemunho dos católicos como um dos caminhos de solução. “Para que falar de relações públicas ou de publicidade se é cada crente quem comunica, não com discursos, mas com sua vida, ‘porque não se começa a ser cristão por uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento’”, diz, citando o papa Bento XVI. Ele entende que o diálogo e a verdade é que devem marcar a relação da Igreja com a opinião pública, sobretudo, em momentos de crise como as que a Igreja viveu recentemente.

Outro elemento destacado nos dois eventos do Rio foi a presença do jovem no mundo virtual. Fascinado, o jovem entra nesse universo para, destemidamente, explorá-lo, seja na busca de respostas que a vida lhe faz, seja para o entretenimento ou para, criativamente, mostrar que já é capaz de contribuir para a construção de uma sociedade nova, baseada em valores humanos, cristãos e éticos. O desafio é tornar-se próximo desse jovem, levando-o a fazer uma experiência real de Jesus Cristo a partir deste lugar em que vive grande parte de sua vida.

Muitos outros temas emergiram destes encontros no Rio, não sendo possível mensurar a extensão de seu alcance. A expectativa é de que a Igreja continue a oferecer novas oportunidades para o aprofundamento deste fenômeno vital para a sociedade, que é a comunicação.

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