quinta-feira, 7 de julho de 2011

Assumindo o púlpito virtual

Pe. Geraldo Martins

A arquidiocese do Rio de Janeiro acolhe, na próxima semana (12 a 16), o primeiro seminário de comunicação para os bispos do Brasil. Promovido pela CNBB e pelo Pontifício Conselho para as Comunicações, o Seminário é uma prova do quanto a Igreja tem se preocupado com a comunicação, especialmente com o advento das novas tecnologias, que se superam a cada dia.

O incentivo para que a Igreja se sirva dos meios virtuais de comunicação, novo púlpito de onde deve ecoar o Evangelho, vem do próprio papa Bento XVI, seja através de mensagens como as do Dia Mundial das Comunicações, seja pela prática de se fazer presente nas redes sociais. No final de junho, por exemplo, ele enviou mensagem pelo twitter comunicando o lançamento do mais novo portal de notícias do Vaticano (www.news.va), que recolhe informações de veículos impressos, online, rádio e televisão do Vaticano. A Santa Sé já está no Facebook, Twitter e YouTube.

O Pontifício Conselho para as Comunicações tem assumido com muita coragem o desafio de levar a Igreja a entrar de maneira decidida neste maravilhoso mundo das novas tecnologias da comunicação.

Com encontros e seminários em Roma, tem chamado todos os responsáveis pela comunicação na e da Igreja a enfrentar destemidamente os desafios apresentados por esta verdadeira revolução provocada pelas comunicações.

Como pastor de uma Igreja Particular, cabe ao bispo incentivar o adequado uso das novas tecnologias a fim de tornar pleno o cumprimento do mandato missionário de Jesus Cristo: “Ide, fazei que todos sejam meus discípulos” (Mt 28,19). Ao se propor a patrocinar um seminário só para bispos de uma mesma Conferência Episcopal, o Pontifício Conselho passa a mensagem de que é fundamental a “conversão” dos bispos ao ciberespaço para atingir este fim

O tema do Seminário - “Comunicação e evangelização no contexto das transformações culturais provocadas pelas novas tecnologias” - traz três elementos importantes. O primeiro deles é a associação de Comunicação e Evangelização. Em Puebla, os bispos da América Latina e Caribe já haviam afirmado que “evangelização é comunicação”. A comunicação, portanto, deverá ser debatida pelos bispos como sinônimo de evangelização. Trata-se, no fundo, de discutir como fazer com que toda comunicação seja anúncio da Boa Notícia, que para nós, cristãos, tem um nome: Jesus Cristo.

Esta Boa Notícia, no entanto, deve ser anunciada num contexto cultural marcado pela mudança. Este é o segundo elemento a ser considerado pelos bispos neste seminário de comunicação. Esta mudança cultural é provocada exatamente pelas novas tecnologias da comunicação.

A esse respeito, diz o papa Bento XVI na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações deste ano: “As novas tecnologias estão a mudar não só o modo de comunicar, mas a própria comunicação em si mesma, podendo-se afirmar que estamos perante uma ampla transformação cultural. Com este modo de difundir informações e conhecimentos, está a nascer uma nova maneira de aprender e pensar, com oportunidades inéditas de estabelecer relações e de construir comunhão”.

Já temos uma geração digital cuja linguagem e forma de se expressar são totalmente novas. A comunicação, como fenômeno fundamentalmente humano, vai introduzindo novos costumes, novas formas de se relacionar e é preciso estar atento a tudo isso para responder aos anseios e expectativas do ser humano. Ou nos capacitamos ou não seremos capazes de dialogar com a nova geração.

As novas tecnologias, terceiro elemento destacado no tema do seminário, têm entre suas características a instantaneidade, a universalidade, a capacidade de mobilização. Carregam também riscos, mas resistir a elas é optar pela autoexclusão.

O papa Bento XVI classifica estas tecnologias com “um verdadeiro dom para a humanidade” e incentiva a todos a fazerem com que “as vantagens que oferecem sejam postas ao serviço de todos os seres humanos e de todas as comunidades, sobretudo de quem está necessitado e é vulnerável”.

É excelente a ideia de um seminário só para bispos a fim de que mergulhem neste mundo novo das comunicações. O cenário eclesial neste campo ainda é muito desigual e abrange tanto os que já compreenderam o alcance destas novas tecnologias, quanto os ainda lhe fazem resistência. O encontro e o debate são a melhor forma de confirmar convicções e vencer limites para assumir as novas tecnologias como púlpito virtual.

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