quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eleições 2010, chegou a hora!

Pe. Geraldo Martins

Estamos na semana decisiva. No próximo domingo, dia 3, os eleitores brasileiros vão às urnas para eleger os governantes do país. Os sentimentos se misturam: expectativa, apreensão, medo, esperança... Que esperar das eleições ou dos eleitos? Que acontecerá ao país nos próximos quatro anos sob o governo dos que saírem vitoriosos no domingo?

Maquiada pelos marqueteiros, cada vez mais competentes, a propaganda dos candidatos no rádio e na TV se preocupa mais com a imagem de seu candidato do que com sua proposta de governo. Outras vezes enaltece tanto as obras de um e sataniza as de outro que a verdade fica relegada a segundo plano, totalmente sacrificada e, com isso, também a ética. Pergunto: quantos acreditam no dizem as propagandas políticas? Até que ponto elas nos levam a conhecer os candidatos? Aliás, a julgar pelas promessas de uns e outros, o sentimento só pode ser mesmo de desconfiança.

Os debates promovidos pelas TVs e grupos organizados da sociedade civil deveriam fazer a diferença. E fizeram? Muito pouco. As regras rígidas e a preocupação em ver os candidatos mais atacando uns aos outros que confrontando idéias impediram uma exposição consistente e clara de seu plano de governo. Tanto é verdade que quem assiste a um debate, fica dispensado do seguinte porque os temas são os mesmos e as respostas também. O que muda é o humor de cada um, ditado pelas pesquisas.

Os temas são os de sempre (não que não sejam importantes): saúde, educação, segurança, corrupção, erros e acertos do Governo A ou B. Outros nunca são pautados: desenvolvimento sustentável, realidade carcerária, reforma agrária e urbana, questão indígena, crianças e adolescentes em situação de risco, reforma política, democratização da comunicação etc.

Há outros fatores que ajudam a emoldurar o quadro das eleições. Um deles é a cobertura dada pela grande imprensa. Uma leitura mais cuidadosa faz perceber a tendência de cada veículo, ainda que todos se escudem na velha e inalcançável máxima da imparcialidade. Alguém acredita nela? Neste sentido, O Estado de S.Paulo inova ao assumir, em editorial, uma candidatura. É legítimo isso? Sim, desde que tal postura não interfira na cobertura da campanha e nem se misture a informação com a opinião, coisa recorrente no jornalismo dos últimos tempos.

Os candidatos dos assim chamados partidos nanicos são os mais prejudicados na cobertura dada pela imprensa. Quem de nós sabe dizer quantos e quais são os candidatos à Presidência ou ao governo de seu estado? A reclamação deles de exclusão tanto do tempo da TV e rádio quanto dos debates tem razão de ser, ainda que se justifique legalmente. Eis aí uma das fraquezas de nossa democracia.

Outro fator com forte impacto sobre as eleições é a participação ou engajamento da sociedade organizada ou de instituições nela contidas. As Igrejas são uma destas instituições que, cada vez mais, vão se destacando no mundo da política. Umas por sua opção clara e decidida por partidos e candidatos, com orientação explícita sobre em quem votar ou não votar; outras, como a católica, com sua prática de apresentar princípios morais, éticos, cristãos a orientar os eleitores, no respeito pleno ao seu direito de escolher o próprio candidato, segundo sua consciência. É uma pena que alguns tenham descumprido esse princípio, rompendo a comunhão assegurada pela CNBB, gerando insegurança em muitos eleitores.

Há, ainda, para as eleições deste ano, um fator novo e que está dando o que falar. Trata-se da lei da Ficha Limpa. Revolucionária, ela tem um alcance muito maior do que podemos imaginar e é, ao mesmo tempo, um sinal evidente de que nem tudo está perdido. O STF já decidiu que ela é constitucional; falta agora decidir se valerá ou não para estas eleições. Ainda que o resultado não seja o que esperamos, a nova lei já cumpriu, em grande parte, seu papel para este ano. e fez reacender no coração de muitos a esperança de que se pode salvar a política dos maus políticos.

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