quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Debate dos presidenciáveis


Pe. Geraldo Martins

O clima das eleições toma conta do país. Os candidatos intensificam os trabalhos de campanha a duas semanas das votações na esperança de reverter o voto dos que já escolheram seu candidato ou conquistar a confiança e o voto de quem ainda não se decidiu.

Na corrida presidencial, as pesquisas vão mostrando as tendências e, por mais que procurem minimizar os resultados, os candidatos acabam se pautando pelos números que apresentam. As pesquisas funcionam como um termômetro que mede a temperatura de cada candidatura. Elas são a base para o candidato manter ou modificar o ritmo de sua campanha, alterar ou não o tom do discurso, mudar ou não a linguagem e assim por diante. O clima fica sempre mais tenso quando nenhuma estratégia muda razoavelmente o quadro apontado pelas pesquisas. Não que estas sejam absolutas e infalíveis. E não são. Já o comprovamos muitas vezes. Desdenhá-las, porém, não seria nada aconselhável.

Os candidatos, especialmente os que aparecem em posição inferior na tabela das pesquisas, veem nos debates uma boa oportunidade de tirar pontos do adversário e alavancar votos para si. Ainda que planejados para oferecer aos candidatos a oportunidade de apresentarem seu programa de governo, os debates nem sempre atingem este objetivo seja pelo engessamento causado pelas rígidas regras estabelecidas, seja pelas opções dos próprios candidatos, mais preocupados em desacreditar o adversário que aprofundar suas propostas de governo.

Amanhã, dia 23, os quatro candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas participam de mais um debate. Desta vez é organizado pela Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), Universidade Católica de Brasília (UCB), Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), Associação Brasileira de Universidades Comunitárias (ABRUC). A iniciativa conta com o forte apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, seguramente, pesou muito na adesão dos canditados.

Em que este se diferencia dos demais? Vejo três diferenças básicas.

A primeira diz respeito aos proponentes do debate, que não veio da iniciativa de TVs, jornais ou de grupos de empresários, mas quatro entidades civis, três da área da educação (UCB, ANEC e ABRUC) e à defesa dos direitos humanos (CBJP). Com exceção da ABRUC, as demais são ligadas à Igreja Católica. Neste sentido, o apoio da CNBB também é fator diferencial.

O segundo elemento que pode fazer a diferença neste encontro dos presidenciáveis é em relação ao conteúdo. A proposta dos organizadores é que as perguntas levem os candidatos a desenharem, com suas respostas, o tipo de Estado que planejam para o Brasil. As perguntas terão como base o documento da CNBB “Por uma reforma de Estado com participação popular” e também a cartilha “Eleições 2010 – Chão e Horizonte”. Aí há um leque gigantesco de temas que se colocarão diante dos candidatos.

Outra característica que diferencia este debate dos demais é o tempo que se dará aos candidatos. Cada um deles terá três minutos para responder à pergunta que lhes for dirigida. Isso lhes permitirá maior clareza e profundidade quanto às suas ideias e ao seu projeto de governo. Nenhum deles responderá mais que uma pergunta em cada bloco.

Com transmissão ao vivo por oito TVs e uma centena de rádios de inspiração católica, este confronto entre os presidenciáveis ganha importância tanto por causa do ineditismo de quem o organiza quanto pela proximidade das eleições. Até 3 de outubro, outros dois debates estão previstos, um na Record e outro na Globo. Todas estas iniciativas são uma contribuição imprescindível para a construção da cidadania e da democracia em nosso país. O resto fica por conta do eleitor a quem cabe a inviolável decisão de escolher o futuro governante do país.

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