terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sem preconceito

Pe. Geraldo Martins

A capital do Rio Grande do Norte foi palco, nos dias 11 a 17 de janeiro, do Encontro Nacional da Pastoral da Juventude. Foram 415 jovens de todo o Brasil discutindo os caminhos da juventude para construir a “Civilização do amor”. Quem teve o privilégio de participar, pôde captar toda a energia de uma juventude que celebra e canta a vida de um modo muito singular. Percebeu, ao mesmo tempo, que não há razão para desconfiar dos jovens e de sua capacidade de organização. Quem o faz é porque traz dentro de si o condenável preconceito que estigmatiza a juventude e lhe nega o lugar que, por direito, é seu na sociedade e na Igreja.

A Pastoral da Juventude, em suas quatro áreas (Estudantil, Rural, Meio Popular e, simplesmente PJ), tem como diferencial a busca permanente da solidificação do protagonismo juvenil. Que significa isso? Que os jovens são sujeito de sua própria história, cabendo a eles definir as ações e os caminhos a se
guir no seu sonho de serem partícipes da construção de uma sociedade nova, justa e fraterna e de uma Igreja-comunhão. Imagino que, exatamente neste ponto, resida o preconceito ou o medo de quem não aceita o discurso do “protagonismo juvenil”. Quem sempre teve o controle de tudo jamais vai admitir que os próprios jovens definam suas ações e o modo de realizá-las na perspectiva de participação eclesial.

O encontro (e a história da PJ) mostrou que isso é perfeitamente possível. Os assessores, adultos e jovens, que acompanham os jovens da PJ, sabem bem o que é isso e têm o respeito da própria juventude. Agem com a consciência de que o caminho é dos jovens e que seu papel é ser luz neste caminho. E assim o fazem. Conflitos? Existem, certamente, porém nada que não seja resolvido no diálogo.


Além do protagonismo, os jovens da PJ manifestam toda sua espiritualidade no jeito próprio de celebrar. Foi emocionante ver, durante o encontro, os jovens rezando e cantando o Ofício Divino da Juventude. Os símbolos, os cantos, a dança... tudo subia a Deus com a marca do louvor juvenil carregado de vida, mas uma vida encarnada na realidade. Poucos jovens são capazes disso.

A PJ tem clareza de que seu papel é ajudar os jovens a se enxergarem no mundo e na Igreja. O esforço de levá-los a construírem o próprio projeto de vida é uma prova inequívoca de que a PJ não foge a esta responsabilidade. E como os jovens levaram isso a sério! Engana-se quem julga os jovens pela sua irreverência manifestada, muitas vezes, no falar, no vestir e nos gostos, especialmente, os que fogem do padrão que a sociedade e a Igreja convencionaram como normais.


A Igreja, constantemente, revela sua preocupação com os jovens e lembra o desafio que lhe é imposto na tarefa de evangelizá-los e fazê-los participantes da comuniade eclesial. Em 1979, em Puebla, no México, os bispos latinoamericanos fizeram a “opção preferencial pelos jovens”. Recentemente, em Aparecida, eles convocaram a Igreja a retomar esta opção ao constatar que, passados 30 anos, o desafio continua. Sabemos e concordamos que não existe um único caminho para chegar ao coração da juventude.

A PJ, pareceu-me no encontro, também tem consciência disso. Seja qual for o caminho escolhido, no entanto, os três pressupostos para tê-los já foram colocados: respeitar seu protagonismo, reconhecer sua espiritualidade e ajudá-los a construir seu projeto de vida.

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