segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Escutar para conhecer, amar e servir

Pe. Geraldo Martins

A ordem de Jesus – “Vão e façam que todas as nações se tornem discípulas” (Mt 28,19) – harmoniza-se com sua missão de fazer com que todos “tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). No cumprimento dessa missão, Jesus privilegiou os pobres, excluídos e afastados sem, contudo, ferir a universalidade da salvação oferecida à humanidade. Compreende-se, assim, a recomendação que faz aos discípulos ao enviá-los em missão – “vão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10,6) -, bem como a cura que proporciona à filha da cananeia a quem respondera ter sido enviado “somente às ovelhas perdidas de Israel” (Mt 15,24). Esse gesto de Jesus nos remete ao que disse no evangelho de João: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste curral. Também a elas devo conduzir” (Jo 10,16).

Esta atitude de Jesus convoca a Igreja a também ao ir ao encontro dos desgarrados ou afastados seja da fé cristã, seja da vida social, econômica, cultural. Trata-se de sermos “uma Igreja em saída”, como nos lembra o papa Francisco. Para tanto, é urgente “sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG, n. 20).

O esforço de responder a esse desafio, em nossa Arquidiocese, pode ser traduzido na atenção dada ao Projeto Arquidiocesano de Evangelização (PAE). Neste ano, ele se ocupa especialmente do anúncio aos que estão afastados da comunidade de fé e da vida social. Ir até eles para ouvi-los a partir do lugar em que estão é a grande proposta do PAE que definiu 2014 como o “Ano da Escuta”. Cristo, em diálogo com a Samaritana, é quem nos ensinará o melhor jeito de escutar os que são nossos, mas que não estão conosco, sobretudo, os pobres.

Dom Cláudio Hummes, em seu livro Discípulos e missionários de Jesus Cristo, nos alerta: “Estamos perdendo justamente os pobres porque não conseguimos chegar adequadamente a eles e evangelizá-los. Não conseguimos desembarcar adequadamente na periferia. Mas, repito, a maioria deles foi batizada por nós, antes de passarem a outras confissões religiosas ou a uma total indiferença religiosa”. E acrescenta: “é a comunidade toda que deve organizar-se para ir em missão, sair em busca de quem está longe de Jesus Cristo”.

É esse o apelo da Arquidiocese às paróquias e comunidades. A estas cabe preparar equipes que vão ao encontro dos afastados de coração aberto em atitude de quem quer escutar para conhecer, amar e servir. Enche-nos de esperança ver que esta proposta, nova e ousada, tem entusiasmado muita gente. Sua aplicação de maneira corajosa e criativa resultará em abundantes frutos para o Reino.

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