sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A juventude quer viver!



Pe. Geraldo Martins Dias

O país inteiro acompanha os desdobramentos da tragédia que matou mais de 230 jovens e deixou mais de uma centena de feridos, a maioria em estado grave, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Vítimas de um incêndio na boate Kiss na madrugada do último domingo, 27 de janeiro, os jovens celebravam a vida no seu melhor estilo: cantando, dançando, divertindo-se. Pagaram o preço do descuido, da negligência, da imprudência dos que têm a responsabilidade de garantir-lhes segurança e proteção ao celebrar a vida. 

As imagens, diária e exaustivamente veiculadas pela imprensa e nas redes sociais, acompanhadas de depoimentos emocionados e de histórias surpreendentes, falam por si. Não há como ficar indiferente. Tocam-nos profundo como se as vítimas fossem membros de nossa família. O sentimento é de consternação e cada brasileiro, a seu modo, de longe ou de perto, numa solidariedade e compaixão próprias de quem ama, assumiu a dor, o lamento, o choro, o silêncio, o desespero dos familiares e amigos das vítimas deste horror sem precedentes em nosso país. 

A tragédia ocorre a menos de um mês da abertura da Campanha da Fraternidade-2013, quando a Igreja convidará toda a sociedade brasileira a voltar-se para a juventude, num compromisso radical com a vida, os sonhos e os ideais de nossos jovens. De certa forma, este abominável acidente antecipa a Campanha na medida em que acorda o país para o risco que correm nossos jovens no exercício de seu elementar direito de divertir-se. 

Faz-nos pensar, como acentua o texto da Campanha da Fraternidade, na violência estrutural que vitima milhões de jovens, que “deixam de ser atores, protagonistas das suas próprias vidas e da história, para se somar aos números desoladores das pesquisas sobre morte de jovens no país”. Trata-se de uma violência institucionalizada que “conclama ações e mobilizações” para sua superação, como a Campanha Nacional contra a Violência e o Extermínio de Jovens, realizada, desde 2009, pela Pastoral da Juventude. 

A Campanha da Fraternidade vai lembrar que os jovens, como “lugar teológico”, são “voz de Deus, que precisa ser escutada”. No lamentável episódio da boate Kiss, precisamos ouvir a voz de Deus que gritou, especialmente, através dos jovens que morreram e dos que se feriram: “minha juventude quer viver!”. Não é possível que fiquemos indiferentes à voz de Deus selada com o sangue de tantos jovens!

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