quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Vai depender só de nós!

Pe. Geraldo Martins

Seguindo uma tradição de quase 50 anos, a Igreja no Brasil dá início, no próximo dia 9 de março, Quarta-feira de Cinzas, a mais uma Campanha da Fraternidade. O tema escolhido este ano pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Fraternidade e Vida no planeta – é tão atual quanto complexo e mexe em questões sobre as quais grupos de especialistas se mostram divididos e a maioria da sociedade não compreende, embora sinta. Trata-se do tão falado aquecimento global e das avassaladoras mudanças climáticas, que comprometem a vida, em todas as suas manifestações, no planeta terra.

Em outubro do ano passado, quando o presidente da CNBB apresentou o material da Campanha à imprensa, tomados pelo clima eleitoral, os jornalistas fizeram uma associação no mínimo curiosa a partir do tema (Vida no planeta) e do lema da CF – “A criação geme em dores de parto” – que foi extraído da Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8,22). Primeiro, em relação ao tema, perguntaram se a Campanha tinha alguma coisa a ver com a candidatura à Presidência da República da senadora Marina Silva, conhecida pela sua defesa do meio ambiente, tom de sua campanha. Segundo, fundamentados no lema, indagaram se a Campanha da Fraternidade iria tratar do aborto, assunto que dominou as discussões durante a campanha eleitoral. Desinformação total. O tema e lema das CFs são escolhidos com dois anos de antecedência e a discussão tem como foco central o meio ambiente e as ameaças que pairam sobre ele com conseqüências sobre a vida em todas as suas formas de se manifestar.

O que esperar da Campanha deste ano? Antes de tudo, um debate esclarecedor da real situação em que se encontra nosso Planeta Terra e que aponte com a máxima precisão possível as causas e, consequentemente, os responsáveis tanto do aquecimento global, quanto das mudanças climáticas. Espera-se, ainda, que a Campanha jogue luz na busca de soluções para estas situações que ameaçam a vida no Planeta, indicando como cada um pode, na co-responsabilidade, ajudar a salvar a mãe Terra.

Um dos desafios postos à Igreja, nesta Campanha, é traduzir o conteúdo do tema em linguagem simples e acessível ao nosso povo a fim de que ninguém se sinta excluído deste debate. Afinal, efeito estufa, camada de ozônio, dióxido de carbono, dióxido de enxofre, clorofluorcarbono, fontes de energia renováveis e não renováveis, combustíveis fósseis, células fotovoltaicas, neodesenvolvimentismo, são expressões que estão longe de nosso cotidiano.

No nível da ação concreta, a Campanha apresenta sugestões interessantes, que estão ao alcance de muita gente. Sugere, por exemplo, que se usem sacolas de algodão e não de plástico para carregar as compras; a diminuição da temperatura da geladeira, do ar condicionado; fazer coleta seletiva de lixo; instalar painéis solares para aquecimento de água, dentre outras indicações.

O refrão do hino da Campanha resume de forma esplêndida seu objetivo: “Nossa mãe terra, Senhor, geme de dor noite e dia. Será de parto essa dor? Ou simplesmente agonia?! Vai depender só de nós! Vai depender só de nós!” Eis aí uma ótima motivação para nossa conversão segundo a espiritualidade quaresmal sob a qual deve ser vivida a Campanha da Fraternidade.

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