terça-feira, 22 de junho de 2010

Meios de comunicação e evangelização

Pe. Geraldo Martins

O Setor de Comunicação Social da CNBB realiza, no próximo mês, na cidade de Aparecida, sob as bênçãos da padroeira do Brasil, o encontro nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom). São esperados 250 agentes da Pascom de todos os estados brasileiros. Será uma oportunidade das lideranças trocarem experiências, aprofundarem seus conhecimentos e assumirem compromissos que ajudem a Igreja a ser comunicação e a usar, de forma mais profissional, as novas tecnologias da comunicação.

A Igreja sempre fez comunicação, mas sua relação com os meios de comunicação (especialmente no início do cinema, rádio e TV) passou por várias fases, indo do medo e da reserva ao reconhecimento de sua imprescindível necessidade para a evangelização. Prova disso é a conhecida afirmação do papa Paulo VI na exortação apostólica Evangelii Nuntiandi: “O primeiro anúncio, a catequese ou o aprofundamento ulterior da fé, não podem deixar de se servir destes meios” e ainda: “A Igreja viria a sentir-se culpável diante do seu Senhor, se ela não lançasse mão destes meios potentes que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados” (n. 45).

Na Conferência de Aparecida, os bispos da América Latina e Caribe reconhecem que “um fator determinante” da “mudança de época” por que passamos é a revolução tecnológica proporcionada pelos meios de comunicação “com sua capacidade de criar uma rede de comunicações de alcance mundial, tanto pública como privada, para interagir em tempo real, ou seja, com simultaneidade, não obstante as distâncias geográficas” (n. 34).

Na recente mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa Bento XVI conclamou os padres a assumirem sem medo a pastoral no mundo digital, servindo-se dos novos meios que a tecnologia da comunicação nos oferecer para o anúncio da palavra.

Lembra o papa: “Aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para desempenharem o próprio papel de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das muitas ‘vozes’ que surgem do mundo digital, e anunciar o Evangelho recorrendo não só aos meios tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo, animações, blogues, páginas internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis inclusive para a evangelização e a catequese”.

Este incentivo por parte da Igreja é o grande responsável pelo crescimento cada vez maior do uso dos meios de comunicação para a evangelização. E cada um o faz a partir de sua realidade e capacidade. São incontáveis os periódicos diocesanos e paroquiais; são centenas de rádios, muitas TVs e um número sem fim de páginas na web, blogs e das novas mídias sociais, febre do momento, como twitter, face book, flickr, dentre outros.

Tudo isso prova que já ficou para trás uma dúvida que foi objeto de muita discussão interna dna Igreja que se perguntava se a ela cabia ter os próprios meios ou apenas fazer-se presente neles, a partir dos espaços que lhe eram oferecidos. O tempo e a prática mostraram que um caminho não excluía o outro e que ambos se complementavam. A pergunta que surge, agora, é outra: que conteúdo vai nestes meios? Tudo dependerá da concepção que se tem de evangelização, de Igreja, de pessoa humana e de uma série de outras realidades que dizem respeito à pessoa humana, à sociedade e à criação.

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