terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Missão em Santarém

Pe. Geraldo Martins


Uma mochila simples com bíblia, roupas e objetos pessoais, sandália, lanterna, repelente, um enorme chapéu de palha e uma rede. Esta é a bagagem que leva cada um dos 50 missionários que estão em missão desde o dia 14 de dezembro em 57 comunidades de duas paróquias da diocese de Santarém, na região oeste do Pará. O bispo, dom Esmeraldo Farias de Barreto, se mistura no grupo como mais um missionário e conduz todo o processo, auxiliado pelo padre Carlinhos, pároco da paróquia São José, que terá as mais de 3 mil famílias de suas 42 comunidades visitadas pelos missionários.

No grupo estão os seminaristas santarenos e outros vindos das dioceses fluminenses de Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Valência; da arquidiocese mineira de Mariana e de Roraima. Mariana enviou, ainda, um leigo e dois padres, e Ponta Grossa, no Paraná, dois leigos que s
e preparam para o diaconato permanente. Há também religiosas, da Congregação de São José.

Nesta semana, os missionários se reúnem para contar suas experiências e avaliar o trabalho. Faz lembrar o evangelho quando Jesus enviou os 72 discípulos que depois voltaram contando suas proezas missionárias.

Durante 30 dias, este grupo fez a experiência de Jesus Cristo indo ao encontro das pessoas, reunindo as comunidades, acolhendo as crianças, ouvindo os idosos e comunicando a todos a Boa Nova do Reino de Deus. Longe do celular e da internet, da televisão e do rádio, e, em alguns lugares, até da energia elétrica, os missionários passaram o natal e ano novo junto a um povo até então desconhecido.


Longas distâncias (houve missionários que andaram mais de 5 km para visitar uma família), banho de caneca ou nos igarapés, dificuldade de transporte, dormir em redes. Tudo isso fez parte da missão e se constituiu, para a maioria, numa novidade que jamais esquecerão.

A iniciativa de realizar esta experiência missionária em Santarém partiu do próprio dom Esmeraldo. Seu objetivo é, antes de tudo, formar os seminaristas com vistas a torná-los padres missionários. Daí a explicação de serem um número infinitamente superior ao de padres, leigos e religiosas. A preocupação do bispo é proporcionar aos seminaristas uma formação missionária na prática, fazendo missão.


Acertadamente dom Esmeraldo afirma que “o processo formativo, se deseja marcar a vida do futuro presbítero missionário na Amazônia, precisa levar em conta que a Igreja não está pedindo ‘cumpridores de tarefa’, mas a formação de discípulos missionários cheios do Espírito de Deus que recorda em nós tudo o que o Senhor Jesus disse e ensinou”.

A ação missionária da Igreja tem sido a ordem do dia desde que foi posta pela Conferência dos Bispos da America Latina e Caribe, realizada em maio de 2007, em Aparecida. A Conferência de Aparecida reafirma que o dever de ser discípulo missionário é de todo cristão. Fica evidente, portanto, porque os padres devem ser os primeiros missionários. Por força de sua vocação estão entre os primeiros responsáveis por tornar toda a comunidade missionária. Como fará isso se ele mesmo não é um presbítero missionário?

A experiência oferecida por Santarém pode ser pequena, mas o suficiente para mostrar a quem dela participa uma realidade de Igreja mais ampla, diferente de outras partes do país, que está a reclamar comunhão e solidariedade das dioceses a fim de que se cumpra com sucesso o mandato de Jesus Cristo: “vão, façam com que todos sejam meus discípulos”.

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