Pe. Geraldo Martins Dias
Já ouvi muitas pessoas dizerem que não gostam da festa do Natal. Alegam que o Natal tem o tom da nostalgia e as deixa deprimidas por trazer-lhes à lembrança pessoas queridas que já partiram desta vida. Outras justificam seu pouco entusiasmo com as comemorações natalinas por causa dos contrates que marcam a vida humana: esbanjamento de alguns e miséria de outros; excessos, tragédias, violência, sofrimento de um lado e júbilo, alegria, exultação de outro.
Como responder aos que veem assim o Natal? Basta recordar-lhes seu sentido original. Se a vida nos impõe dores e sofrimentos, derrotas e desventuras, o Natal nos revela a profundidade do amor de Deus por nós e nos mostra onde colocar nossa esperança.
De origem pagã, a festa cristã do Natal celebra a encarnação do Filho de Deus que vem ao mundo para trazer a libertação e a salvação de toda a criação. Ele é a Palavra de Deus que existia desde toda a eternidade. “E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14), ensina São João. O Verbo de Deus vem ao mundo, não para condená-lo, mas para salvá-lo (cf. Jo 3,17). Acreditar nesta verdade é o primeiro passo para a felicidade.
A encarnação de Jesus, celebrada no Natal, é a razão de nossa alegria. A mesma alegria anunciada pelos anjos quando comunicaram aos pastores a chegada de Jesus. “Não tenham medo! Eu lhes anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês o Salvador, que é Cristo Senhor!” (Lc 2,10s).
Esta alegria deve irradiar para todos. Daí o sentido da confraternização no dia do Natal. As famílias se encontram, os amigos se abraçam, as inimizades se desfazem, trocam-se cartões, presentes, mensagens, sentimentos. O tempo do encontro, seja um dia ou algumas horas, se eterniza no abraço, no sorriso, no brinde, na oração, no choro, no canto, na festa. O mais importante é que cada um seja para o outro anúncio da presença e do amor de Deus no mundo, razão de toda alegria.
Os que temos fé somos desafiados a recolocar o Natal em seu verdadeiro lugar diante da secularização que tenta se impor a todo o custo na sociedade. Contribui para isso a economia quando, com olhos exclusivamente para o lucro, transforma os símbolos da fé de um povo em objeto de mercado, como ocorre no Natal. Por força disso é que, em muitos lugares, o personagem do Natal foi trocado. Ele não é encontrado mais na manjedoura, pobre e envolto em faixas, mas no trenó, com bonitas roupas vermelhas e longa barba branca.
Ainda bem que não é assim para todos e a fonte da verdadeira alegria continua sendo a manjedoura.
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